Podemos dar algumas justificativas para apresentar a família como base para a vida!
Como instituição social, a família é a primeira fonte de relacionamento com a qual uma pessoa entra em contato. Nela, aprende-se valores, princípios, normas que são carregados por toda a vida. Na relação com a família, receberemos amor, respeito, cuidado e ensinamentos para a formação do caráter e formação da sua personalidade.
Sobre a família, Deus diz aos filhos: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá“ Êxodo 20.12. Aqui, observamos a orientação sobre respeitar e proteger nossos familiares e as consequências que se estendem a nós mesmos, ao agirmos assim.
O respeito, a obediência, a gratidão e o amor dos filhos por seus pais são vistos como os princípios básicos das promessas e bênçãos de Deus, para aqueles que guardam diligentemente essas palavras no coração. Honrar aos pais é uma das bases da vida de todo o ser humano.
É na família que os filhos entendem o valor, a dignidade e a autoridade dos pais, a necessidade de tratá-los com consideração e cortesia, através de atos de justiça, reconhecimento e gratidão pelo que fizeram e ainda fazem. Dos pais, filhos recebem conselhos, observam seus exemplos, cuidam deles em sua velhice, suprindo suas necessidades e confortando seus corações. As memorias e relatos do que viveram servem de força motriz para uma vida mais prazerosa, ainda que frágil, como idoso.
A família, portanto, é um vínculo sagrado, inquebrantável e produtivo. É um projeto de Deus cumprido na humanidade.
O lar é onde uma pessoa aprende a amar. O amor é a essência da família, o vínculo que une os membros da família e a base da existência familiar. A Bíblia frequentemente usa a linguagem do casamento para descrever o relacionamento entre Deus e Israel (Isaías 54.5; Jeremias 31.32; Oséias 2.19-20) e o relacionamento entre Cristo e a Igreja (Efésios 5.25-27; Apocalipse 19.7-9). A família é uma pequena amostra da unidade da Trindade do Pai, Filho e Espírito Santo (João 17:21-23; 1 João 4:7-8)
O Apóstolo Paulo nos diz, quando fala sobre o amor: “O amor é paciente, bondoso, desinteressado, paciente, fiel, esperançoso” (1 Coríntios 13.4-7). Essas são virtudes essenciais para a vida em família. O lar amoroso é enriquecido pela presença uns dos outros e há estímulo nos momentos de desafio, uns para com os outros. Não fomos criados para a solidão, mas para viver em família. O lar é um lugar de parceria, companheirismo, apoio e incentivo. É o melhor lugar de base para se estruturar a vida!
A família é o espaço onde se aprende sobre a vida humana em todas as suas dimensões. A família é responsável pela instrução e educação dos filhos, por transmitir valores morais, culturais e religiosos. Ela participa na formação da consciência social e cidadã, promove a saúde física, mental e espiritual, reflete sobre o cuidado dos direitos humanos e atua na construção da sociedade. A família é, portanto, o organismo básico da sociedade, a escola da vida, a igreja doméstica.
Podemos dizer que a família é a base para a vida porque nela que se origina, se sustenta e se realiza o ser humano. É um presente precioso de Deus, uma instituição sagrada. Honrar a família é honrar a Deus, a si mesmo e ao próximo. Honrar a família é garantir uma vida longa, feliz e abençoada!
Capelão do Colégio Batista Mineiro de Uberlândia – Unid. Martins
Pastor auxiliar da Igreja Batista Ipanema em Uberlândia
Bacharel em Ed. Física e Teologia
Licenciado em Ciência da Religião
COMO IDENTIFICAR COMPORTAMENTOS DE RISCO NOS FLHOS.
Nesta entrevista, vamos conversar com a Psicóloga Wisllaine Cavalari que trabalha junto ao cuidado de famílias e estudantes que sofrem com a violência e entender como podemos ajudar nossos filhos e alunos diante da necessidade de equilíbrio e segurança.
BF: Olá, Sra. Wisllaine! É uma grande alegria podermos conversar sobre esse tema tão delicado. Conte-nos um pouco sobre sua formação e área de atuação!?
Wisllaine: Sou formada em Psicologia pela PUC, em Londrina, no Paraná, e estou finalizando o terceiro ano da formação em Terapia de Família e Casal pelo Instituto da Família – FTSA. Atualmente, trabalho com atendimento clínico individual de adolescentes e adultos, além de realizar atendimentos de famílias e casais.
Recentemente, por iniciativa também de outras colegas psicólogas – Quésia Oliveira, Juliana Lucareviski e Natália Zanuto (representando a Rede Solidária da Associação de EMDR do Brasil) iniciamos um projeto de intervenção e acolhimento aos adolescentes e famílias e funcionários da Escola Estadual Helena Kolody, em Cambé, PR, cidade vizinha. Esta ação surgiu diante de um massacre, onde um ex-aluno da referida escola entrou armado, realizou disparos, causando a morte de dois alunos além de outros danos psíquicos. O projeto contou com a parceria da Igreja Presbiteriana Independente de Cambé, através da pessoa do Pr. Sérgio Perine, o qual cedeu o espaço da igreja para a realização de palestras para pais e funcionários, para intervenção na Terapia EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) – o que seria sobre a Desensibilização e reprocessamento do movimento da testemunha ocular). Juntos, conseguimos organizar um grupo com mais de 30 psicólogos voluntários da região que se disponibilizaram a também realizar atendimentos psicológicos sociais. O trabalho segue acontecendo nas diferentes frentes, pois sabe-se que os danos psicológicos precisam ainda de muita atenção e cuidado. Destaca-se que este foi um trabalho voluntário da iniciativa privada, reconhecido pela Escola e seus líderes, porém, não substitui as intervenções e condutas realizadas pelas instituições de Ensino.
BF: É notório que os índices de violência têm crescido assustadoramente em todas as esferas da sociedade. Em seu entendimento, qual seria um fato ou fator preponderante que tem contribuído para esse crescimento?
Wisllaine: Acredito que as causas do aumento da violência estão ligadas a fatores estruturais e sistêmicos, como a desigualdade social, a ausência de oportunidades, a convivência em ambientes de muitos conflitos, o abandono familiar, a facilidade na aquisição e consumo de álcool e outras drogas, atrelados à necessidade de pertencimento. Durante a pandemia, os números cresceram muito, em todos os âmbitos, acredito que, neste período, nossas interações sociais dependiam muito da tecnologia e, trancados em casa, muitas vezes não dávamos conta de gerenciar de forma equilibrada nossas emoções.
BF: Sabemos que muitas famílias, hoje, vivem com medo e assustadas com a violência entre os adolescentes e percebem que estão despreparadas para esse contexto. Qual sua percepção a respeito disso?
Wisllaine: Os tipos de violência que permeiam essa fase são diversos e é comum que os pais fiquem um pouco inseguros durante essa fase. No entanto, devemos sempre nos lembrar de que a violência está inserida em nossa sociedade há muito tempo, de diversas formas. Percebo, principalmente nos últimos anos, muitos pais privando seus filhos de saírem, desenvolverem relacionamentos, colocando-os em uma “bolha” por excesso de zelo e proteção.
Acredito que este não seja o melhor caminho, pois sabemos que todo excesso é prejudicial! É importante haver diálogos com os filhos sobre os tipos de violências, alertá-los quanto a isso e promover espaço onde eles possam desenvolver confiança e segurança. É importante que frequentem ambientes onde possam se relacionar com seus pares, aprendendo também a lidar de forma mais assertiva com suas emoções. Render-se ao medo e ao desespero não é a solução, pois as crianças acabam sendo influenciadas também pelo comportamento e pensamento dos adultos. Com a alta dos casos de bullying, que também é uma forma de violência, é imprescindível que os pais, familiares e até mesmo a comunidade escolar fiquem atentos às mudanças de comportamento e promovam ações que vão ao encontro dessa demanda, já que, geralmente, as vítimas têm vergonha e medo de falar sobre o assunto e sofrem caladas.
BF: Quais são, em sua opinião, os principais fatores que podem levar um adolescente a se envolver com a violência?
Wisllaine: As causas da violência são complexas e acredito ainda ser um desafio tentar explicar ou resumir tudo isso, pois os fatores acabam sendo múltiplos e variam muito a depender do ambiente e da classe social! No entanto, acredito que os principais fatores estão relacionados a falta de estrutura familiar e à exposição de violência nesse ambiente. A falta de convívio familiar leva à ausência de determinados valores em sua formação, logo, esse afastamento parental, atrelada às demandas do mundo atual levam os filhos a alguns comportamentos de risco. A valorização do TER ao invés do SER, o impacto negativo da mídia, a busca por aceitação e pertencimento também faz com que os adolescentes busquem itens de consumo de diversas maneiras – e a violência pode ser uma delas.
BF: Como você avalia e diferencia um adolescente com o comportamento considerado normal para a faixa etária de um adolescente que apresenta sinais de potencial agressividade?
Wisllaine: Acredito que vale a pena a gente ressaltar a diferença entre raiva e agressividade, já que a raiva é uma emoção e a agressividade um comportamento. Sentir raiva é natural, já que ela faz parte das principais emoções que sentimos. Ela surge como um sinal de alerta de que algo que aconteceu e não nos agradou e a forma que vamos lidar com ela faz toda a diferença. Já a agressividade, é um comportamento que no início da socialização infantil, até certo ponto, é considerado normal como parte do desenvolvimento da criança. O choro, tapas, mordidas vão acontecer no sentido de tentar mostrar a frustração delas em relação aos seus desejos que não foram atendidos. E é aí que os pais precisam desenvolver os limites e ensinar como devem lidar com esses sentimentos de forma mais equilibrada. É fundamental que a família faça esse movimento nessa fase para que, durante a adolescência, eles saibam lidar com a raiva e a agressividade.
Essa orientação por parte da família também é importante, pois na transição da infância para a adolescência, há muitos elementos reflexos, até mesmo do processo de maturação cerebral, que costumam deixar os sentimentos e emoções deles fora de controle. Além disso, estão muito mais propensos a sentimentos de comparação e expostos à violência e hostilidade. É comum que reajam com indiferença e apresentem agressividade se estiverem confusos; fatores hormonais também contribuem para isso, principalmente em meninos. Se esses comportamentos aparecem de forma recorrente e em níveis altos, é importante que a família busque a ajuda de um profissional.
BF: Quais estratégias e abordagens são mais eficazes para lidar com adolescentes agressivos?
Wisllaine: O diálogo é a melhor maneira de se resolver conflitos, evitando-se o confronto. E isso deve ser feito no ambiente familiar desde o início. É importante, também, que os pais estabeleçam limites claros e de maneira firme e, ao mesmo tempo, mostrando-se acessíveis, para que o adolescente também consiga se abrir.
Os pais devem buscar intimidade, buscar estar mais perto, fazendo atividades juntos, de forma natural, para que eles também não se sintam sufocados ou pressionados. Paciência e diálogo entre os pais é essencial para que consigam passar por essa fase juntos. Alguns comportamentos podem ser transformados através do autoconhecimento e mudanças de hábitos e quando não houver essa transformação natural, a busca por ajuda profissional se faz essencial.
BF: Quais são os desafios mais comuns que você enfrenta ao trabalhar com esses jovens e como consegue superá-los?
Wisllaine: Confesso que a parte mais desafiadora não é nem tanto em lidar com eles, mas, sim, com a família. Existe muita comparação com sua época, como: “na minha época não era assim”, e precisamos lembrá-los constantemente que os tempos são outros e novos desafios foram surgindo. Com essa ideia, os adolescentes costumam chegar sempre com a sensação de que são sempre incompreendidos por suas famílias. Acham que sempre que os pais tomam alguma atitude é para prejudicá-los e gera mais conflito no lar. No fundo, o que falta realmente é orientação e abertura para o diálogo. Então, busco sempre fazer sessões familiares e de orientação educacional trabalhando os pontos de tensão, estreitando laços e promovendo autoconhecimento, maior diálogo e melhor compreensão.
BF: Como podemos promover a empatia e a consciência emocional nos adolescentes?
Wisllaine: Promovendo a escuta ativa, que é ouvir atentamente o que o outro tem para dizer, tentando compreender as ações do outro, atreladas às suas experiências de vida e, assim, ensinar os adolescentes a fazerem o mesmo. É muito importante que os pais e educadores deem o exemplo. Jogos e brincadeiras também podem auxiliar neste processo, além de práticas de voluntariado e solidariedade. Os auxilie, a que sempre nomeiem o que estão sentindo e explique sobre as emoções agradáveis e as desagradáveis.
BF: Como a família pode lidar com a raiva e a frustração dos adolescentes e como pode ajudá-los a desenvolver habilidades de controle emocional?
Wisllaine: O primeiro passo é entender que a raiva é uma das principais emoções que movem o ser humano, então invalidar ou minimizar essa emoção não é o ideal. Ajude seu filho a nomear aquela emoção que ele está sentindo e a valide, pois a validação faz com que ele se sinta acolhido. É importante ressaltar que validar não é o mesmo que concordar com o comportamento expressado. Podemos validar a emoção como a da raiva, dizendo que compreende o que ele sente, porém posso explicar que o comportamento usado para expressar essa raiva não foi o mais adequado, ajudando a pensar em outras formas mais assertivas de se agir para extravasar essa emoção. Vale lembrar que as crianças não nascem com a capacidade de regular suas emoções, elas vão adquirindo esta habilidade através da sua interação com o meio em que vivem e, principalmente, na interação com os pais. Portanto, é importante que os pais desenvolvam uma postura de empatia pelos seus filhos, ensinando-os a utilizar técnicas de respiração e relaxamento, por várias vezes repetidas, até que perceba que ele acalmou.
BF: Como as famílias podem orientar seus filhos sobre os desafios dos relacionamentos com adolescentes que apresentam comportamentos do risco e quais ações precisam ser feitas?
Wisllaine: É importante que a família converse abertamente com seus filhos sobre os riscos de comportamentos perigosos e desenvolva com eles limites claros. Deve instruí-los sobre a importância de se buscar amizades boas e respeitosas, além de reforçar a importância de se afastar de situações potencialmente perigosas. A família deve encorajá-los a andar em atitude de prudência e sempre buscar ajuda de um adulto responsável, caso se sinta ameaçado diante de alguma situação. A escola pode auxiliar com programas de prevenção e intervenção, como palestras educativas, grupos de apoio e atividades extracurriculares que promovam habilidades sociais saudáveis.
BF: Percebendo que a situação do adolescente já está em um nível avançado de envolvimento com a violência, quais medidas a família deve tomar?
Wisllaine: Buscar ajuda profissional de um psicólogo, médicos e outros profissionais que possam investir e se envolver ativamente no plano de tratamento do adolescente. Devem buscar redes e órgãos que trabalhem com outros jovens e adolescentes nesta situação, a fim de se agregar conhecimento e ajuda à família e ao adolescente. A primeira ordem é “Voltar para a base e desenvolver novamente um bom relacionamento com esses adolescentes, buscando mais informações sobre seus relacionamentos e ao que estão tendo acesso. Outra estratégia prática é incentivá-los na prática de esportes, principalmente os de luta, pois essas ferramentas os ajudarão a lidar com a agressividade de forma diferente, determinando limites e embasamento em regras e valores, como o respeito, o equilíbrio e a tolerância.
BF: Como as famílias podem apoiar a escola e os próprios estudantes no que diz respeito à própria segurança e da comunidade?
Wisllaine: A família é a base da formação do indivíduo e tem um papel decisivo na formação do caráter, por isso, a participação direta na formação escolar da criança e do adolescente é o primeiro passo. É muito importante que a família e a escola trabalhem juntos para alcançar o objetivo de formar indivíduos capazes de viverem no mundo atual. Com o aumento das “fake news” é ideal também que os pais busquem sempre informações e orientações oficiais, a fim de não alimentarem o pânico e o medo de toda a comunidade, preservando, assim, a saúde emocional das crianças e adolescentes, para que os excessos de informações a que são expostos não lhes traga dano.
É dever dos pais resgatar valores de amor, empatia, solidariedade e conversar com eles sobre tudo isso. Devem observar se existem mudanças bruscas e repentinas de comportamentos, verificar com quem esses adolescentes têm se relacionado e a que tipo de sites e materiais estão sendo expostos nas redes, sempre tendo conversas claras sobre os limites. É vital que também orientem quanto ao uso dos jogos e comportamentos que coloquem sua vida em risco, além conversas sobre pressão de grupo, sexualidade, relação on-line e off-line, entre outros.
BF: O que pode ser feito pela família, escola e outros grupos sociais para se evitar que a criança de hoje se torne um adolescente agressivo, amanhã?
Wisllaine: Sem dúvida, o diálogo e o acolhimento são os principais caminhos no combate à violência e agressividade. É muito importante criar relações seguras para essas crianças e jovens. Os pais e familiares devem demonstrar interesse pelo universo deles e cultivar bastante a confiança neles, para ouvi-los, receber suas queixas, sem tantos ataques e/ou julgamentos, criando ambientes que façam com que eles reflitam sobre as consequências de se ter uma atitude agressiva, mostrando sempre que existem outras formas de expressar e de se resolver conflitos. Devem sempre estar atentos às mudanças de humor e mostrarem clareza na fala – o adolescente precisa ter objetividade do que se espera dele. Acima de tudo, devem dar bons exemplos, pois os adolescentes costumam espelhar e reproduzir comportamentos.
1 Ó meu povo, ouça minhas instruções! Abra os ouvidos para o que direi, 2 pois lhe falarei por meio de parábola. Ensinarei enigmas de nosso passado, 3 histórias que ouvimos e conhecemos, que nossos antepassados nos transmitiram. 4 Não esconderemos essas verdades de nossos filhos; contaremos à geração seguinte os feitos gloriosos do Senhor, seu poder e suas maravilhas. Salmo 78.1-4
Todo aprendizado é uma aquisição de conhecimento, seja por experiência ou por transferência de ensino. Temos a linda missão de ensinar aos nossos pequenos sobre o que é ser um humano em família. Precisamos transmitir este princípio do Reino de Deus de maneira clara, simples e inteligente. E lembrar de um detalhe muito importante: nossos filhos são, antes de tudo, filhos de Deus, confiados a nós, pais, para cuidarmos, amarmos e ensinarmos, apresentando-lhes todos os princípios Daquele que nos criou e convida-nos a um relacionamento pessoal.
No Salmo 78 é possível observarmos fatos importantes que o povo de Israel viveu. Este é um salmo histórico, carregando o relato de histórias de várias famílias. Nele, podemos extrair princípios sobre a criação de nossos filhos nesta perspectiva familiar.
Nos primeiros versículos deste salmo, temos grandes riquezas para reflexão. Primeiramente, temos o convite de uma geração anterior à próxima, para que ouçam suas experiências. Infelizmente, esse convite tem se esgotado nos nossos dias. São tantos afazeres, compromissos e prazeres que preferimos nos fechar para o encontro com o outro. Tempo de qualidade tem sido artigo raríssimo nas relações atuais.
Outro importante detalhe importante que extraímos destes versículos é a forma com que este salmo foi estruturado, em forma de parábolas e provérbios, ou seja, pequenas histórias, resumidas, pontuais, lúdicas e acessíveis. Essa é uma estratégia comprovada que desde os primórdios é efetiva: a utilização de histórias, jogos, atividades diárias em conjunto, para ensiná-los intencionalmente a amar, conviver, respeitar, perdoar, ser perdoado e estabelecer conexões relevantes.
Gostaria de ampliar o foco para os papais de crianças na primeira infância: ensinar o que é “ser família” exige que falemos a linguagem da criança. Neste momento, simplicidade é tudo. Fale de tudo de forma adequada, com clareza. Proporcione momentos em que elas possam ver como você lida com a vida e com suas relações sociais. Acertou, elogie. Errou, peça perdão. Posicione-se. Seja acessível e prático.
Nossos filhos só aprenderão a conviver em família, se ouvirem e virem isso de maneira dinâmica e cotidiana. Pequenos posicionamentos, feitos no momento certo, podem mudar a trajetória da próxima geração.
Para concluir, gostaria de te lembrar mais um detalhe: vivemos o formato familiar com um objetivo maior: formarmos a família de Deus. Estamos “ensaiando” e tendo a oportunidade de vivenciarmos um pedacinho do céu aqui, na Terra. A forma com que direcionamos nossos pequenos refletirá na perspectiva de vivência familiar que terão sobre o Reino de Deus!
Psicóloga clínica infantil, graduada pela PUC Minas, com foco na abordagem Cognitivo-comportamental e aplicações da psicomotricidade no acompanhamento infantil, com avalição psicomotora e aplicações em ABA para TEA.
“Mãe, você não entende!” e “Pai, você nunca me deixar fazer o que eu quero” são frases comuns na rotina da família. Aquele almoço planejado se transforma em um caos. Um “boa noite” acaba em discussão. Com certeza, você já vivenciou situações como essas, que desestabilizam o ambiente. Não somos perfeitos e para manter o ambiente familiar saudável, é preciso ser intencional como pais!
Por isso… conecte-se ao seu filho! Realize regularmente atividades em família. Passeios ao ar livre, jogos de tabuleiro, cozinhar, momentos de oração e até mesmo as tarefas domésticas. Quando essas atividades são realizadas em conjunto, fortalecem os laços afetivos, promovem a união e proporcionam momentos de alegria e diversão. Se possível, crie uma agenda da família em local de fácil visualização para todos. Para as famílias que tem mais de um filho, uma dica valiosa é criar o “dia do filho”. Este dia será aquele em que o pai e/ou a mãe farão algo especial com seu filho, realizando aquilo que ele mais deseja, de forma individual. É um momento de compartilhar e se conectar com a singularidade da criança. Se delicie da promessa em Salmos 133.1: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!”.
Priorize a comunicação amorosa! Ao conversar com seus filhos, ouça-os atentamente e demonstre interesse genuíno em suas histórias e sentimentos. Deixe o celular de lado enquanto estão conversando. Encoraje a expressão emocional, ajude-os a traduzirem suas emoções, compartilhe com eles suas histórias. Policie-se para que esse momento seja de escuta atenta ao filho, ao invés de momentos de “lições de vida”. Lembre-se das palavras de Paulo em Efésios 4.29: “(…) que todas as suas palavras sejam boas e úteis, a fim de dar ânimo àqueles que as ouvirem.”
Estimule o diálogo sobre valores e fé! Promova conversas sobre valores e princípios éticos, fundamentados na Palavra de Deus. Ensine às crianças sobre o amor ao próximo, o respeito, a honestidade e a compaixão. Precisamos ampliar o repertório das nossas conversas com palavras virtuosas. Virtudes como assertividade, desprendimento e gentileza precisam estar em nosso radar com os filhos. Em minha própria rotina com os filhos, costumo contar histórias para ilustrar e auxiliá-los na compreensão das virtudes e ensinamentos. Leiam juntos passagens bíblicas que ensinam sobre a importância da família, como Provérbios 22.6: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele”.
Cultive o hábito da gratidão! Ensine seus filhos a expressarem gratidão pelas pequenas coisas da vida. Incentive-os a agradecer por momentos bons, pela comida na mesa, pelas vitórias nas dificuldades e por todas as bênçãos recebidas. Que tal fazer um pote da gratidão para a família? Basta enfeitar um pote e deixá-lo em local visível, com papel e caneta disponíveis para que todos registrem os motivos de gratidão. É marcante abrir o pote da gratidão ao final de um ano e relembrar as maravilhosas bênçãos e misericórdias de Deus. Conforme nos lembra Filipenses 4.6: “Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes, em tudo, sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica e com ações de graças.”.
Ao estimular um ambiente familiar saudável, baseado na comunicação, no amor e nos valores eternos, estamos fortalecendo os laços e proporcionando um lar seguro e acolhedor para nossos filhos. Lembre-se de que cada ação, por menor que seja, pode fazer a diferença na vida de sua família!
Que Deus abençoe sua casa, dando-lhe sabedoria e perseverança para cultivar um ambiente saudável e edificante.
Discípula de Jesus. Esposa do Douglas e Mãe do Benjamim e Caetano, de 7 anos. Pedagoga e Psicopedagoga clínica. Atuou como Professora da Educação Infantil e Fundamental I da Unidade do Colégio Batista Mineiro em Poços de Caldas e como Coordenadora da Educação Infantil e Fundamental I do Colégio Batista em Sete Lagoas.
A família é um farol seguro a iluminar os caminhos de nossos filhos, especialmente durante a desafiadora fase da adolescência. Sua importância fundamental é de sustentação, alicerce, para preparar os jovens a enfrentarem as complexidades dessa transição. Destacam-se, aqui, estratégias práticas de como lidar com os obstáculos típicos da adolescência e forjar laços familiares sólidos e calorosos.
A família é o alicerce sólido que prepara nossos filhos para a jornada da adolescência. Através da comunicação aberta, do respeito à individualidade, da promoção de responsabilidade e da autonomia, bem como a construção de habilidades socioemocionais e o exemplo positivo, os capacitaremos a enfrentar essa etapa com confiança e resiliência. A adolescência é um período de crescimento e autoconhecimento, onde o apoio familiar é o fundamental para que eles floresçam com amor e determinação.
“Ouçam, meus filhos, a instrução de seu pai; estejam atentos para adquirir discernimento.” Provérbios 4.1
Especialista em Gestão Educacional. Casada há 20 anos com Márcio, mãe do Davi, do Daniel e da Júlia. Coordenadora Pedagógica Colégio Batista Mineiro- Unidade Castelo.
Em tempos de tantas mudanças e transformações, a família, tal como a entendíamos anteriormente – conhecida como família nuclear – tem sofrido uma série de ataques e críticas por parte da sociedade atual. De igual modo, a religião cristã vem sofrendo, também, claras investidas e votos de descrédito nesta geração.
Diante de tais fatos, trago-lhes um convite a pensarmos no valor destas duas instâncias da vida humana – a família e a espiritualidade – como elementos imprescindíveis à sustentação da existência humana. Neste contexto de relativização e desprezo aos valores antigos, a vida humana perdeu o status de bem supremo, tornando-se descartada e abortada, perdendo seu valor e significado. Isso se deve a uma nova visão de mundo, onde impera o egoísmo, o antropocentrismo (o homem como centro do Universo) e o Hedonismo (busca desenfreada pelo prazer, sem assumir as consequências de seus atos e escolhas.) A liberdade sem responsabilidade gera arbitrariedade, com consequências desastrosas para o indivíduo e para a sociedade.
Sabe-se que uma sociedade é construída sobre quatro grandes pilares: a Família, a Escola, o Estado e a Igreja. Destas quatro, a família é a mais importante, pois dela originam-se todas as outras. Percebe-se, entretanto, neste tempo, uma ação sistemática para mudar a configuração da sociedade e, por isso, investem em um ataque cruel e desigual às suas bases mais sólidas – à família e à igreja.
Na tradição cristã, a família foi criada por Deus, ao perceber que a solidão não era boa para o ser humano (Gn2.18). Desta forma, o Criador constituiu o primeiro casal, criando-os com o propósito de felicidade, companheirismo e igualdade e dando-lhes a responsabilidade de povoar a Terra. (Gn 1.26-28).
O termo espiritualidade tem sua origem etimológica no latim “spiritus”, que significa “sopro”, entendido como aquele sopro divinal recebido na criação, quando o homem foi feito alma vivente (Gn2.7). Desta forma, constituído à imagem e semelhança do seu Criador, tem em seu íntimo o desejo de relacionar-se com Ele, uma vez que o elo “criatura-Criador” estabelece a essência do ser humano, sempre em busca por algo maior do que ele mesmo.
Assim, a espiritualidade é basicamente um vínculo entre o ser humano e Deus, como uma espécie de sentido último de sua existência, que se manifesta na busca de algo que possa dar propósito a ela. Esta visão cristã da espiritualidade, invoca-nos à ideia de Religião, na tentativa de “religar-se” ao Eterno, numa ação transcendente.
Desta forma, o desenvolvimento da espiritualidade, depende grandemente da família, onde se estabelecem os princípios e valores da criança, em um ambiente de respeito, amor e solidariedade.
No seio familiar, aprende-se sobre o cuidado, desfrutam-se dos afetos, aprende-se sobre as diferenças de maneira tolerante e fraterna e percebe-se que o ser humano não se basta em si mesmo – por isso, somos impelidos a buscar a transcendência – com o outro, também ser humano, e com o Criador – Deus Eterno.
Que nossas famílias sejam o berço destes princípios, que a afetividade seja plena, o respeito seja o lema e a Sabedoria nos conduza ao reconhecimento de que há um Criador, que sustenta todas as coisas e que, Nele, a vida é plena de sentido e significados.
Casado com Senhorinha Gervásio Lourenço Bragança, pai de Bruno, Breno e Wagno Junior. Pastor e psicólogo clínico, com mestrado em Educação Cultura e Organizações Sociais.
Atuou como professor, administrador escolar e capelão no Colégio Batista Mineiro/BH.
Atuou como coordenador do Instituto Hexis – Responsável pelo Programa BENE:) Formação Ética e Socioemocional, escritor de material didático. Palestrante em congressos e capacitações, com publicação em livros e periódicos.
A família se constitui o alicerce fundamental para a construção de uma sociedade saudável e harmoniosa. É nesse contexto que os valores e virtudes são cultivados, moldando as futuras gerações. Sendo uma instituição criada por Deus com um propósito divino (Gênesis 2.24), tais virtudes transmitidas de geração em geração refletem o caráter de Deus e preparam os indivíduos desde a infância, a fim de conseguirem enfrentar as adversidades da vida. Infelizmente, a realidade mostra que muitas famílias são desafiadas na vivência dos valores: a correria do cotidiano, a influência negativa da mídia e a falta de comunicação efetiva podem minar os laços familiares e enfraquecer a transmissão desses princípios essenciais.
A falta de tempo para se reunir e compartilhar momentos juntos torna difícil a criação de laços afetivos sólidos, resultando em membros da família que se sentem isolados e, muitas vezes, negligenciados. Além disso, as distrações tecnológicas podem afastar ainda mais pais e filhos, prejudicando o diálogo e o convívio.
Solucionando desafios com base na fé e conhecimento
Para apoiar as famílias a enfrentarem esses desafios, é essencial que busquemos soluções práticas e embasadas em princípios bíblicos. Em uma abordagem amorosa e inspiradora, ressalta-se a importância do perdão e da graça nos relacionamentos familiares. Devemos aprender a perdoar e entender a graça divina, reconhecendo que somos imperfeitos e necessitamos do amor e da compreensão uns dos outros, mas, essencialmente, da família.
A empatia é também um ingrediente fundamental para uma convivência harmoniosa, mostrando que o ato de nos colocarmos no lugar do outro facilita a compreensão de suas necessidades e sentimentos, fortalecendo os laços familiares e cultivando a compaixão mútua.
Algumas dicas para a vivência das virtudes em família:
Fortalecer a família requer esforço e dedicação contínuos. Por meio do ensino cristão e espiritual, encorajamento mútuo e da prática do amor em ações concretas, é possível construir uma família sólida e unida. Que cada membro da família se comprometa a introduzir essas soluções em seu cotidiano, buscando sempre viver em harmonia, fé, esperança e amor! Este é o grande propósito que Deus estabeleceu para a família.
“Acima de tudo, revistam-se do amor, que é o vínculo da perfeição“. Colossenses 3.14
Pastor e pedagogo, casado há 20 anos com Fernanda, pai do Davi, Daniel e Júlia. Gerente Executivo do Instituto Hexis do Programa Bene:) Formação Ética e Socioemocional.
Sempre que sou convidado a celebrar um casamento, ofereço ao casal um curso de noivos. Nesses preciosos encontros, abordo temas fundamentais para a vida a dois, como relacionamentos e expectativas conjugais. Não é raro encontrar alguns noivos que demonstrem expectativas além da realidade em relação ao outro.
O casamento se constitui um processo contínuo de construção, que nos leva gradativamente ao amadurecimento. É preciso compreender que para se construir um relacionamento saudável, será preciso entender que ninguém chega a essa relação já pronto, em condições ideais e perfeitas. Por isso, muitas vezes, a frustração ganha lugar, pois o outro não estava ainda pronto para satisfazer totalmente seu cônjuge em suas expectativas e reivindicações – pelo contrário, haverá conflitos e será necessária muita reflexão, para que o processo de convivência chegue a um equilíbrio emocional satisfatório. Como a convivência é um processo continuamente dinâmico, agora não há lugar somente para o “EU”, mas o casal deve agir e pensar, a partir dessa união, em “NÓS”.
Ocasionalmente, ouvimos alguém dizer que para toda pessoa há uma “cara metade”, escondida em algum lugar. Isso pode levar-nos a entender que encontraremos, como num passe de mágica, uma pessoa totalmente ajustada às nossas necessidades. Essa é uma ideia altamente falsa e perigosa, pois nos faz criar altas expectativas em relação ao outro, tornando-nos metades e não pessoas inteiras, íntegras.
Encontramos na Bíblia um princípio que pode nos ajudar a compreender essa caminhada. No livro do profeta Amós, capítulo 3, verso 3, há uma pergunta reflexiva: “Duas pessoas poderão andar juntas se não estiverem de acordo?”. A compreensão, a cumplicidade e o acordo são elementos imprescindíveis para o fortalecimento desse vínculo. É preciso perceber as forças e fraquezas um do outro e lidar com elas, em um treinamento constante de boa convivência. Temos problemas, defeitos e chatices e não podemos nos envergonhar disso. Contudo, como um relacionamento saudável é feito avaliações e reformulações constantes, é preciso avançar na relação, reconhecendo as próprias fraquezas e fazendo o possível para que o outro se sinta confortável e feliz ao nosso lado.
É importante lembrar que não podemos esperar do nosso cônjuge aquilo que ele não pode nos oferecer, reconhecendo os seus limites e habilidades. É preciso, portanto, vivenciar expectativas reais e experimentar renúncias necessárias, para que o casamento se fortaleça e experimente alegria e propósito plenos.
Estas são algumas sugestões para um relacionamento conjugal saudável:
Teólogo, Advogado, Bacharelando em Psicologia . Pastor da Igreja Batista Memorial do Bairro Veneza, em Ipatinga-MG.
São 4h da manhã, desperto e agradeço a Deus pela noite de descanso. Confesso que acordei algumas vezes durante a madrugada para me virar na cama e, como toda boa mãe, faço um Checklist mental do que ainda precisa ser feito logo ao levantar. Será que ainda tem o pão integral para o lanche do Rubens? Será que tem a barra de cereais que o Miguel gosta? Será que a quantidade de comida que coloquei na marmita do meu marido é o suficiente? Acho que aumentarei a quantidade de arroz. Será que as meias pretas de Miguel secaram, pois ele gosta de usá-las? O uniforme da escola estendi ontem à noite no varal logo que me levantar o pegarei e colocarei na porta do quarto do Miguel para facilitar. Não sei se coloquei ração para cachorrinha, Liz, ou se a água está limpa, mas logo que acordar eu olho. Fechei os olhos e tentei descansar mais um pouco. Lembrei-me do abraço do Miguel e do beijo do Rubens e do quanto temos orgulho dos homens que se tornaram. Agradeço a Deus pelos meus presentes.
A vida de uma mãe é assim – não é como um fardo, como muitos dizem, mas é um prazer inexplicável. O cansaço vem, o medo vem, temos o receio de falhar como mãe, como esposa e criamos a ideia de que temos que dar conta de tudo. Ficamos arrasadas quando um filho fala “Mãe, não tenho roupa para ir para a escola!” ou “Acabou o pão que eu gosto?” … manter tudo em dia nos traz tranquilidade e então percebemos que tudo vai dando certo, dia após dia, e eles estão crescendo fortes e felizes. Ainda assim, continuamos nos cobrando: podia ter feito assim, podia ter feito assado. Não foi do jeito que eu queria, podia ter sido melhor. Mães seguras percebem o seu valor e que a suas famílias precisam delas. Uma mulher sábia e virtuosa trabalha bastante, mas sabe o seu papel nessa peça incrível que é a vida em família.
Ah, pensamos: “Eles têm o amor do pai, mas precisam do meu abraço, do meu afago, do meu carinho, da minha disciplina” – e começa tudo novamente: “Olha a meia no chão! Apaga a luz! Põe a roupa na máquina! Ajuda a mamãe! Não deixe cair! Estude! Faça a atividade de casa! Leve a blusa de frio! Feche a janela! Fique atento às amizades! Olha a bagunça! Lixo é na lixeira! Filho, não fala assim com seu irmão!” E assim vai… a mãe segue, hora feliz, sem ter motivo ou explicação, hora tão triste, mas que também não consegue explicar o motivo, mas segue.
“Pera aí”! Volta! Volta! … será que temos que dar conta de tudo?
Não, não temos que dar conta de tudo! Precisamos pedir ajuda. Precisamos do apoio da família. A exaustão física, uma noite de sono resolve e acaba com ela e amanhã é outro dia, acordamos renovadas. A pior exaustão é a autocobrança, de uma casa que podia ser mais limpa, de uma roupa que podia ser mais bem passada, de um alimento que podia ser mais saboroso, ou de um esquecimento qualquer. Somos capazes de trabalhar fora de casa o dia todo e continuar nos cobrando do que não conseguimos deixar pronto dentro de casa.
Quando percebermos que, apesar de sermos “maravilhosas” não somos a “Mulher Maravilha” e que haverá dias de tristeza, dias de alegria, dias que conseguiremos cumprir com as tarefas de casa e dias que não conseguiremos e entenderemos que está tudo bem! “Não, filho, não comprei o pão, coma outro”. “Não secaram as meias preferidas, pegue outras”. “Não fiz o almoço, podemos comer no restaurante”. “Hoje não! Hoje não deu tempo de limpar a casa, vamos passear e quando voltarmos, arrumaremos juntos”. Isso é ser mãe!
A alegria da mãe é ver a família unida e feliz, e é preciso entender que ela não é uma “super-heroína” que tem que dar conta de tudo. Haverá horas em que será necessário pedir socorro. Não se cobre todos os dias e nem tente ser perfeita, porque não seremos, jamais! Precisamos fazer aquilo que está ao nosso alcance, com amor, com zelo e dedicação. Se o abacaxi apodreceu na fruteira, não temos que carregar essa culpa. É tempo das mulheres refletirem e dizerem: “Olha, pessoal, somos uma família, estamos juntos nesse lar, precisamos ajudar uns aos outros, portanto, de hoje em diante, todos aqui nessa casa vão descascar o abacaxi junto comigo!”. Todos eles precisam compreender nossas fragilidades e habilidades e respeitar nosso ritmo e nosso tempo de pausa, também!
A mãe é a mulher que sustenta a casa em oração, em força, em fé, em amor… o homem, segundo a Palavra de Deus, é o provedor, o protetor, o referencial de fé. A mulher virtuosa que a Bíblia cita em Provérbios 31 não é uma mulher em sua exaustão física e psicológica, pelo contrário, é equilibrada e autônoma. Ela sabe o que está fazendo! Não é uma super-heroína, mas é uma mulher real, que se levanta cedo, faz o que está ao seu alcance com amor e dá ordem às suas empregadas – sim, ela pede ajuda! Nós, mães, precisamos aprender a pedir ajuda, a dizer “não consigo, não fiz, não pude” e a reconhecer que não somos perfeitas. Precisamos, principalmente, educar nossos filhos ao serviço do lar, juntamente com nossos esposos, unindo todos pela mesma causa, pelo mesmo conforto, para que valorizem também suas esposas, quando crescerem. Esse é o melhor ensino, o EXEMPLO!
Portanto, fica aqui um alerta, não espere a exaustão e a tristeza tomarem conta de você, mamãe. Divida as tarefas e peça ajuda. A família é responsável pelo bom funcionamento de um lar e você é uma das peças mais importantes desta linda engrenagem!
Neuropsicopedagoga. Consultora Pedagógica. Há 32 anos trabalha na Rede Batista de Educação (RBE), onde atuou como Diretora, Coordenadora Pedagógica, Professora e Monitora. Especialista em Neurociências, Gestão Escolar Integradora, Alfabetização e Multiletramentos, Psicomotricidade e Educação Inclusiva. Experiência como avaliadora em bancas, formadora e revisora de material pedagógico, elaboração de currículo escolar e escritora infanto-juvenil co-participação em material de programa socioemocional. Responsável por elaborar e ministrar treinamentos para diversos públicos. Atuação em desenvolvimento de educadores pedagogos.
“Como o ferro afia o ferro, assim um amigo afia o outro” Provérbios 27.17
O relacionamento com os filhos, independentemente da idade em que se encontram, é um convite a um olhar atento para nós mesmos. Um choque de duas pessoas, cada uma com seu temperamento, visão de mundo e expectativas. Nossas falhas, limitações e incoerências ficam desnudas, frente à experiência da maternidade e paternidade.
Em cada fase do desenvolvimento, da infância até a fase adulta, ocorrem o surgimento de novas questões e desafios neste relacionamento. Vivemos, desde a primeira infância até à velhice, um movimento natural de sairmos de uma condição de total dependência dos cuidados de um outro ser humano para então, à uma fase de sobrevivência, agora com maior autonomia, reafirmando nossa identidade. Neste processo, adquirimos e defendemos nossas crenças e lutamos para que respeitem quem somos. Uma condição humana em busca de autonomia e identidade, que nos acompanhará por toda a vida e não somente na adolescência, como muitos imaginam.
Tratando-se da fase da adolescência, período que se estende aproximadamente dos 12 aos 25 anos, a Neurociência afirma que o cérebro passa por grandes mudanças, com maior ativação nos centros emocionais (Sistema límbico) e desenvolvimento mais lento do córtex pré-frontal, que nos permite pensar no futuro, entender consequências e tomar decisões.
A área ligada à impulsividade está mais ativada e a região ligada à cautela tenta acompanhar esse ritmo. Por volta dos 25 anos, o cérebro atinge uma maturação estrutural que nos possibilita comportamentos mais cuidadosos. Podemos entender, então, as manifestações de emoções profundas, complexas, às vezes descontroladas, com julgamento comprometido por um cérebro imaturo. O centro de processamento de recompensa está superativado nessa fase da adolescência, por isso, tendem a se entregar ao prazer momentâneo, sem pensar nas consequências. Mudanças nos níveis de dopamina e serotonina explicam irritabilidade, mudanças de humor e, em alguns casos, comportamentos de risco. Alterações hormonais, questões histórico-culturais e muitas outras informações poderiam ser listadas para explicar comportamentos específicos da adolescência.
Essas informações nos ajudam a perceber que, nem sempre, os comportamentos indesejados de nossos filhos são intencionais e não são desculpa para nos afastarmos deles, como se nada pudéssemos fazer. Pelo contrário, aqui está uma incrível oportunidade de revermos nossas expectativas em relação ao comportamento dos nossos jovens, nos colocando no lugar de quem também falha, erra e lida com as consequências.
Como seres humanos, estamos em constante aprendizado, que ocorre a partir das crises e do desconforto de novos desafios das novas fases da vida. Esse olhar sincero e corajoso para nós mesmos muda nosso olhar para o outro. A emoção de raiva que você enfrenta diante das grandes e pequenas frustrações diárias, a dificuldade de dizer não a prazeres imediatos, é semelhante à experiência de seu filho, independentemente da idade. O que muda é nossa capacidade de controlar nossa resposta frente a esses estímulos.
De qual pai/mãe você se aproximaria?
1º. tipo: Alguém autoritário, que grita, dá longos sermões como o dono da razão absoluta, ameaça, olha com desprezo, humilha, aumenta a dose do castigo anterior, critica, isola, ignora, pune com silêncio e tenta de todas as formas garantir que o filho não fracasse no desempenho, conforme suas próprias expectativas.
2º. tipo: Alguém que sabe escutar, que assume papel de autoridade falando com firmeza, de forma respeitosa; que admite errar, sentir medo, não ter todas as respostas e sabe pedir perdão; que se interessa em saber seus gostos e assuntos; que respeita suas escolhas, que ajuda a pensar nas consequências, olha compassivamente os erros, chora junto, encoraja a seguir em frente; celebra pequenos avanços e amadurecimentos durante a caminhada; está atento às necessidades do jovem e não estabelece o amor pelo desempenho, mas pelo indivíduo.
Fica aqui um convite à reflexão. Seremos sempre imperfeitos, mas não se justifique por isso. Busque aperfeiçoar-se a cada dia como pessoa e como pai. Se necessário, busque ajuda naquilo que precisa mudar! A aproximação de seu filho será uma consequência de um coração que deseja entender e acolher os processos da existência.
Psicóloga Clínica, cristã, casada, mãe e ex-aluna do Colégio Batista Mineiro. Atuante há 21 anos na profissão, trabalha com Psicologia Comportamental e Análise do Comportamento com crianças, adolescentes e adultos. Escritora e palestrante em oficinas e eventos. Especialização em Psicologia da Educação com ênfase em Psicopedagogia preventiva.
“Sê forte e corajoso não temas, nem te espantes; por que o Senhor teu Deus é contigo, por onde andares” Josué 1.9
Quando o Senhor proferiu essas palavras de incentivo a Josué, ele enfrentava desafios expressivos para a condução dos filhos de Israel à terra prometida. Podemos imaginar como esses desafios constituíam-se em um grande peso para Josué, uma vez que não tinha todas as respostas para as inúmeras situações desafiadoras diante dele.
Essa é a orientação do Senhor para todas essas situações desafiadoras que enfrentamos. Tomemos dessa fonte verdadeira de força, que é a confiança no Senhor, para balizar essa reflexão e orientações que trarei, ao tratar da escolha da carreira, sob a ótica da crise.
Ao associarmos a palavra “crise” ao momento da escolha profissional, já a validamos, de certo modo, pelas condições em que acontece, e afirmamos que ela impacta, de maneira diferenciada, a vida dos estudantes, especialmente os da última série dos Anos Finais e de todo o Ensino Médio.
Essa “crise” poderá sim, chegar, em maior ou menor grau, na sua família, se ainda não chegou! Como então, interpretar esse momento crucial na vida dos filhos para ajudá-los a superar os impactos deste momento de escolha?
A presença acolhedora e colaborativa da família é ancoragem para os filhos adolescentes e minimizam os impactos emocionais, o sentimento de medo e ansiedade, vivenciados para uma decisão tão complexa. Os pais, a partir das próprias experiências profissionais e o conhecimento que construíram sobre a realidade atual do mundo do trabalho, ajudam na compreensão deste momento na vida dos filhos.
Os novos modelos e demandas das profissões que estão se atualizando continuamente e já impactam as carreiras pelas novas tecnologias e reforçam a necessidade de adaptabilidade. Desta forma, os pais ativos garantem a compreensão desse tempo com afetividade, apoiam nos desafios e na superação pessoal no processo de escolha da profissão.
Essa escolha traz as mais diversas implicações na vida presente dos jovens, como também de toda a família, auxiliando-os a se conectarem com os conhecimentos sobre a formação profissional projetada para o futuro. É um processo, por vezes conflituoso, na medida que requer dos estudantes reflexão e decisão pessoal, mediante o conhecimento de si mesmos, para olhar para os seus gostos, interesses, habilidades, aptidões, sonhos e expectativas e conectá-los a uma carreira profissional, uma profissão. É o autoconhecimento em ação.
Essa escolha é mais que encontrar uma profissão e uma carreira. É um percurso que os permite acessar o desenvolvimento para a vida adulta, ainda que para alguns seja desconfortável e distante, até mesmo pela dificuldade em abandonar a adolescência e prosseguir para o próximo ciclo de vida. Muitos se sentem ainda despreparados para escolher e decidir sobre o seu lugar de pertencimento e contribuição na sociedade e precisam ainda perceber o que o trabalho em uma determinada área profissional, lhes oportunizará.
Percebendo que o tempo da escolha final se aproxima, com a chegada da inscrição para o ENEM e demais processos seletivos, os adolescentes percebem-se saindo da condição anterior de treineiros e isso pode assustá-los. “Será que darei conta?”, podem se perguntar, causando apreensão sobre o escolher e o decidir, como também o não escolher e o não decidir.
É fato que este momento pode trazer marcas de incerteza, insegurança e sentimentos contraditórios nos filhos e mexer com as emoções, entre o pensar e o agir, podendo alterar significativamente as relações sociais que o jovem estabelece com o mundo e, especialmente, com as figuras de referência, como os pais, que são aqueles com os quais sentem-se, por vezes nesse período de decisões, cobrados para dar respostas a “esta questão”.
Não ter, ainda, uma solução ou uma decisão, pode ser desesperador para o adolescente, por reconhecer que não está dando conta de decidir, temendo não conseguir realizar as expectativas dos seus pares na escola, as dos pais, dos familiares e do grupo de amigos. Assim, vivencia um certo sofrimento que não deve ser banalizado, pois há uma dor real acontecendo, um questionamento interior sofrido sobre as próprias certezas, chegando a refugiar-se no isolamento e desejando, por vezes, como fuga, recolher-se à “companhia” dos seus recursos tecnológicos em seu próprio mundo.
Sabemos que este momento só terá fim quando os filhos se resolverem em sua escolha e viabilizarem, com tranquilidade, a sua tomada de decisão, mesmo que possam revisá-la posteriormente e, até mesmo alterá-la. Para que esse papo tenha continuidade e abertura, vai depender da disponibilidade dos pais para provocá-los, no melhor sentido da palavra.
Pais e mães, a escolha da profissão, pela sua natureza e complexidade e, sendo a primeira grande escolha da vida dos filhos na transição para a vida adulta, requer atenção, disposição, acompanhamento criterioso e parceria. É essencial que as alterações comportamentais sejam notadas e identificadas. É possível que a aproximação dos pais para entender o que está acontecendo e ajudar sejam percebidas pelos filhos, como cobrança, certa pressão e, até mesmo, invasão de território, com recusas ao diálogo. Os sinais de fragilidade emocional podem ser indicadores de dificuldades no processo, abrangendo as diversas áreas da vida como relacionamento com os pais e irmãos, com os amigos e com os colegas.
O momento de crise revela uma necessidade importante dos jovens e adolescentes, que é a acolhida afetiva dos seus pais e de outras pessoas de referência para eles. No entanto, nem sempre eles têm consciência dessa necessidade. Mas, como pais, é necessária a consciência de que estar por perto é a melhor decisão, mesmo quando o relacionamento familiar vivencia essa desorganização temporária natural do processo de amadurecimento e gerada pela dificuldade de assumir um rumo e as consequências dessa escolha.
Pais e mães são e sempre serão pontos de apoio, referência fundamental para os filhos e, nesse sentido, geram uma rede de suporte que faz uma grande diferença, promovendo as condições construtivas para a superação dos desafios desse momento singular da escolha da profissão, primeira entre muitas outras escolhas de uma carreira profissional.
A presença acolhedora garante a aproximação, que conecta necessidades, que escuta sem julgar, que cuida com amor, que incentiva o crescimento e valida as iniciativas, que fortalece e encoraja os movimentos, mesmo que, ainda, incipientes, que sustenta sem amarras, que orienta, acompanha, ensina, aprende e auxilia para que o lugar do bem-estar e da felicidade na vida sejam construções conjuntas e contínuas. É essa presença que permite aos filhos serem protagonistas das suas vidas, alçando os seus voos com autonomia e segurança, na certeza que, os desafios e superação, serão oportunidades de crescimento e que vocês, pais, estarão incondicionalmente com eles, abençoando-os.
Finalmente, atente-se que o tamanho da crise e a sua complexidade é pertinente à subjetividade de cada pessoa, que tem o seu processo único e particular de experiências e, com essa ponderação, convido-os a dizer não às comparações, que podem ser extremamente destrutivas para quem ainda não está pronto e precisa de mediação. Escolher e tomar decisão são competências complexas, mas um grande privilégio para todos nós!
#FICAADICA
#1– Escolher uma profissão/carreira é mobilizar-se por inteiro, acionando a interconexão das áreas: pessoal, relacional, socioemocional, acadêmica, espiritual, apoiados por uma eficiente rede de apoio que pode trazer, ao processo de escolha, leveza e segurança no exercício crescente do protagonismo com autorresponsabilidade.
#2 – Os encaminhamentos da escola para profissionais especializados em Orientação Profissional e de Carreira, quando o processo de escolha necessitar de maior personalização, não se constitui, necessariamente, em “problema” e revela atenção a uma necessidade subjetiva do estudante para intervenções mais particularizadas. O processo de escolha acontece no tempo do estudante e a ansiedade, ou outro fator de vulnerabilidade, pode dificultá-la.
#3 – Incentivem os filhos a participarem da construção de narrativas da vida dos familiares e suas profissões, a conhecerem sobre a genealogia profissional da família. A admiração e o respeito lançam novas possibilidades de diálogo e facilitam as escolhas!
#4 – Conheçam e partilhem com os filhos sobre “As habilidades e competências para o profissional do século XXI”. Vocês poderão utilizar a descrição para conectarem os jovens estudantes às expectativas e possibilidades de um futuro, que é próximo e já está sendo construído no presente.
Esposa do Martinho, mãe do Diego e da Lívia; avó do Samuel. Ex-estudante do Colégio Batista Mineiro, onde atuei na Equipe Técnico-Pedagógica por vários anos, na Unidade Floresta-BH. Sou Professora, graduada em Psicologia, com especialização em Orientação Profissional e de Carreira, Psicopedagogia, Psicologia Escolar e Educacional pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia) e em Neuroeducação. Graduada do Curso tecnólogo em Ciência da Felicidade. Gosto de gente e de gerar oportunidades para o desenvolvimento humano e acredito no relacionamento, Famílias e Escola, gerando conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, por meio de experiências educativas de orientação e aprendizagens contínuas.
Desde o nascimento, somos cuidados, recebemos instrução, amadurecemos e aprendemos sobre os mais diversos assuntos da vida em nosso processo de crescimento e desenvolvimento humano. Grande parte do que recebemos vem de nossos familiares e de nossa família. Entretanto, muitas vezes, recebemos das pessoas que nos cercam, influências e ensinamentos baseados em sua própria forma limitada de perceber o mundo, ou que foram fundamentados em suas histórias de vida, que podem ter sido marcadas por dores e decepções, levando-as a reproduzirem em sua relação com o outro, os traumas que receberam.
Somos reprodutores dos comportamentos a que somos expostos, sendo eles bons ou maus. Aprendemos a ser quem somos com a cultura e as pessoas que nos cercam. Comportamentos agressivos e disfuncionais comprometem a vida de uma pessoa que é exposta a eles, a ponto de se classificarem como abusos emocionais, abalando a autoestima e comprometendo a visão de mundo do que está absorvendo toda a ação.
Nesse cenário, é de extrema importância se identificar a possibilidade de uma má intenção para com o outro ou um possível abuso emocional no contexto familiar.
Considerando que o abuso emocional é uma forma de depreciação, de deslegitimação e falta de consideração pelo outro, as seguintes situações apontam uma pessoa que excede seus limites na família ou fora dela, abusando emocionalmente da outra:
1 – Procurar a vítima a fim de aliviar o seu próprio estresse, humilhando-a.
2 – Duvidar da capacidade da vítima em cumprir suas tarefas, desconsiderando suas possibilidades e deslegitimando sua oportunidade de aprender.
3 – Ignorar a vítima e não direcionar nenhuma palavra a ela, gerando medo e indiferença.
4 – Discutir com o outro, sem dar direito a resposta, anulando a vítima, sua fala, seu direito de diálogo e suas ideias.
5 – Manipular o outro, persuadindo a vítima a fazer os seus desejos, sem dar a ela o direito de escolha.
6 – Menosprezar a vítima diante de outras pessoas, expondo-a de forma pejorativa e em suas fraquezas e limitações.
7 – Responsabilizar e ameaçar a vítima pelos seus erros como abusador. Fazendo a vítima se sentir culpada pela situação.
8 – Oprimir a vítima com ameaças, medo, falas agressivas, gerando danos emocionais.
9 – Gritar e xingar, deixando a vítima sempre acuada.
10 – Preferências e comparações entre irmãos e outras pessoas, desprezando as qualidades da vítima e sua individualidade.
Quando uma pessoa cresce sofrendo abusos emocionais, os comportamentos abusivos passam a ser vistos como normais. Para ela, os membros da família agem com as outras pessoas da mesma forma. Por esse fato, no próximo momento, o ofendido pode tornar-se um abusador, repetindo os comportamentos sofridos.
Como reparar tais ações?
Vítima – por mais que esse choque de realidade doa, ela faz parte do processo de libertação do relacionamento abusivo. Para reparar os abusos sofridos, uma das indicações é o tratamento psicológico, que apontará novos direcionamentos do presente em direção ao futuro.
Abusador – procurar um tratamento psicológico para conseguir decidir mudar de mentalidade e de atitude.
Na Bíblia, em Lucas 4.18, o discípulo cita as palavras de Jesus dizendo: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e proclamar o ano aceitável do Senhor.” NAA
Jesus pode nos libertar das dores e abusos que sofremos. Essa liberdade que Jesus nos oferece é um presente, só Ele tem vida, e vida em abundância. Decida viver uma vida com Ele, denunciar ou abandonar os abusos e, a cada conquista de mudança de comportamento, celebre, pois a ressignificação faz parte dessa jornada!
Bacharel em Teologia e graduanda do Curso de Psicologia.
Há três anos, nascia minha filha, Letícia! Até hoje não consigo explicar muito bem o “mix” de emoções vivenciadas desde o momento que minha esposa e eu soubemos da novidade. Os momentos de alegria e felicidade se multiplicaram em nosso lar, junto com o peso da responsabilidade e outras preocupações decorrentes desta, como medo e frustrações. Mas tudo isso, se resumiu a um desejo: ser uma referência para ela, neste mundo tão “diluído” de boas referências.
O termo “diluído” utilizado acima vem sendo desenvolvido por vários estudiosos da sociedade e estudos sociocomportamentais, mas em especial por um sociólogo polonês chamado Zygmunt Bauman. Em uma de suas principais obras, intitulada “Modernidade Liquida”, de 2001, Bauman procura explicar as mudanças sociais da chamada “pós-modernidade,” época em que vivemos. Para ele, a sociedade está perdendo suas referências, por diversos fatores. Os marcos de vida estão se derretendo, as instituições estão se diluindo, os relacionamentos estão cada vez mais voláteis. É neste contexto em que nos encontramos, num mundo marcado pela liquidez social e incertezas. Mas qual é a principal razão para a diluição deste mundo? Vivemos um mundo diluído, não pela falta de opções de referência, mas pelo excesso delas. Isso mesmo! O excesso de possibilidades que a vida nos apresenta leva à diluição. Tudo pode! Tudo deve! Tudo convém!
E é aqui que nós, homens íntegros, precisamos refletir: que tipo de pai queremos ser?
Existem muitas fôrmas, muitos modelos, muitas receitas “prontas”, mas nossa inquietação deve ser bem mais profunda. Sabemos que as crianças aprendem muito mais pela imitação do que pela explicação. Não que esta última não seja importante, mas se esvazia drasticamente se não vier acompanhada de um bom testemunho, haja visto, que os modelos serão comparados constantemente na modernidade liquida. Se o seu discurso não estiver alinhado com a sua prática, dificilmente conseguirá ser uma boa base de referência para seus filhos.
Mesmo que não haja uma idade certa para ser pai, existem aqueles mais jovens e mais maduros e ambos podem desenvolver bem sua função, desde que assumam a sua tarefa de liderança e encorajamento de forma sólida. Estas duas palavras precisam andar juntas e se complementam no decorrer dos anos.
Para liderar bem a sua família, o pai-referência, deve fazer parte da família. As rotinas, os afazeres domésticos, o trabalho, a escola, a igreja, e o lazer, não devem ser apenas parte de um ideal familiar, mas o grande campo de atuação dos pais como homens presentes em seu lar. Quando estão profundamente envolvidos nestas atividades, os pais têm a grande oportunidade de mostrar aos filhos uma boa forma de agir e reagir às situações. Por isso, os pais também precisam reconhecer-se em sua influência na vida da família e no que se tornaram e desejam ser. Analisar as suas ações, seus anseios, suas fraquezas e procurar corrigir e/ou melhorar é necessário nesta jornada de referencial como homens no lar. Buscar de Deus a orientação para isso é um grande começo e a melhor fonte de aprendizado do que é ser pai-referência.
A nossa escola, por anos, usa o lema: “O melhor ensino é o exemplo”! Coloque isso em prática já! Ensine através do seu exemplo, reconhecendo para si o melhor exemplo, Jesus! Certamente colherá os melhores frutos na vida, daquilo que temos de mais precioso, os nossos filhos!
Esposo da Carol e Pai da Letícia. Pastor e Capelão CBM unidade Buritis-BH. Professor de Ensino Religioso, Filosofia, Sociologia e Projeto de Vida. Teólogo, Filósofo e Psicólogo. Atua há mais de 15 anos na educação integral, com base nos ensinos e valores cristãos.
“Não se fatigue para ficar rico; não aplique nisso a sua inteligência. Você quer pôr os seus olhos naquilo que não é nada? Porque certamente a riqueza criará asas, como a águia que voa pelos céus”. Provérbios 23.4-5
Em nossa época, em que o consumo desenfreado é tão valorizado, nos vemos imersos na mentalidade consumista. Tendemos a acumular e investir nosso tempo e recursos naquilo que, em pouco tempo, se tornará obsoleto e descartável.
Em contrapartida, o sábio diz em Provérbios 23.12: “Aplique o seu coração ao ensino e os seus ouvidos às palavras do conhecimento”. Nos versículos 17 e 18 ele ainda diz: “Não tenha inveja dos pecadores; pelo contrário, persevere no temor do Senhor todo tempo. Porque certamente haverá um futuro, e a sua esperança não será frustrada”.
A mentalidade presente é a daqueles que desprezam a Deus e investem suas vidas em consumos perecíveis; a Bíblia coloca diante de nós um investimento essencial e que nos garante verdadeiro sucesso: a Sabedoria. É isso que o sábio fala em Provérbios 4.7: “O princípio da sabedoria é: adquira a sabedoria; sim, com tudo o que você possui, adquira o entendimento.” O sábio, ao orientar seu filho, resume o que Ele deve fazer e como ele deve fazer. O princípio da sabedoria é adquirir o conhecimento e isso deve ser feito com tudo que estiver a sua disposição.
Sabemos que o temor do Senhor é o princípio da Sabedoria e que este temor vem com o nosso conhecimento de Deus; tal conhecimento só vira à medida em que nos relacionarmos profundamente com Deus. Desta forma, quanto mais nos achegamos a Ele, mais Sabedoria e conhecimento adquirimos para os desafios do cotidiano.
Para nós pais e mães, além de ser um privilégio, é uma grande responsabilidade investir na vida dos nossos filhos e investir em sua formação espiritual. Preparar-se para construir um patrimônio é importante, mas os dois melhores investimentos que realmente valem a pena aplicar os nossos recursos e esforços são estes: sabedoria e conhecimento.
Nas próximas edições da revista Batista Família, terei o prazer de compartilhar pequenos devocionais que servirão de auxílio para toda a sua família, na busca pela sabedoria e entendimento na Palavra de Deus. Meu desejo é que, por meio desses recursos, Deus nos dê a disciplina e a disposição correta para entendermos a urgência de se dedicar tudo que temos para adquirirmos recursos para investirmos na vida dos nossos filhos.
Que Deus levante entre nós famílias fortes, famílias que buscam a sabedoria não somente aos próprios olhos, mas diante do próprio Deus, vivendo uma vida de profundo relacionamento com Ele e obediência à sua Palavra.
Casado com Raíssa com quem tem duas filhas, Laura e Sara. Serviu por mais de uma década em alguns ministérios de juventude em organizações e principalmente em igreja local. Atualmente desenvolve seu ministério pastoral liderando a plantação da Igreja Batista Fonte em Nova Lima, onde também serve como capelão de da unidade do Colégio Batista Mineiro – Alphaville. É mestre (MDiv) em Estudos Bíblico-Hermenêuticos com ênfase no Novo Testamento pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper.
“Bullying”! Uma expressão estrangeira que rapidamente se consolidou em nossa língua e que, infelizmente, tem se tornado presente em nossa sociedade. Diante de uma situação de conflito entre crianças e/ou adolescentes, a dúvida nos ocorre rapidamente: será que isso é “bullying”?!
A Lei nº 13.185/2015 definiu o “bullying” como intimidação sistemática. Não é um conflito específico e pontual, mas a prática repetitiva, intencional, sem motivação evidente e com ações de violência física, psicológica ou verbal entre criança(s) e/ou adolescente(s), com a finalidade de provocar angústia, intimidação ou outros meios de agressão.
Inicialmente, o conceito de “bullying” tratava exclusivamente sobre a intimidação no ambiente escolar. Todavia, a legislação brasileira ampliou a abrangência do termo para outros meios -inclusive digitais, e instituiu medidas de conscientização, prevenção, identificação e combate à violência e à intimidação persistente.
Como pais, nossa atenção com os cuidados e a preocupação sobre a proteção dos nossos filhos são constantes e devemos buscar rapidamente agir para acabar ao primeiro sinal de conflito, antes mesmo que se instaure o “bullying”.
E se o motivador do conflito ou ”bullying” for o nosso filho!?
É na família que se constrói a educação dos filhos para o melhor comportamento e convívio social. Ao ocorrer um conflito distinto da orientação familiar, é preciso tratá-lo com cuidado e atenção, lembrando-se sempre que o objetivo é a formação e proteção de ambas as partes.
Por isso, diante de um conflito envolvendo seu filho, não se desespere!
– Como agir?
O que fazer:
O que não fazer:
– Quais são as medidas a serem tomadas?
Devemos ter sempre como foco que crianças e adolescentes são pessoas em desenvolvimento. A ação imediata e precipitada pode trazer efeitos prejudiciais para todas as pessoas envolvidas. Por isso, a conscientização constante, a escuta e a valorização do respeito, empatia e tolerância são medidas imprescindíveis para o reconhecimento do erro e tratamento do dano eventualmente ocorrido.
– Quais podem ser as consequências?
A Lei do “bullying” propõe que se evitem punições, incentivando alternativas que promovam a responsabilização e a mudança de comportamento. Porém, é importante que os pais permitam que os filhos percebam as consequências e frustrações dos erros cometidos, para que haja mudança de comportamento.
É preciso atenção em alguns casos, pois conforme o ato praticado pela criança ou adolescente, podem ser aplicadas medidas regimentais ou de normas do local onde ocorreu o conflito. Além de especial atenção aos que são considerados atos infracionais, que podem sofrer medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, como advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, entre outros.
A proposta para a solução dos conflitos precisa ser tratada juntamente com quem o começou, mediado pela família e os adultos responsáveis pelo local do ocorrido (escola, clube, condomínio, entre outros), para que a formação, o reconhecimento e a empatia sejam restituídos de forma efetiva e gerem mudança de comportamento no agressor, trazendo reflexão e ampliação no combate ao “bullying”.
A máxima é: Faça aos outros o que deseja que que fizessem a você!
Mãe, Advogada e Professora. Especialista em Direito Educacional pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC MINAS; Especialista em Advocacia Coorporativa pela Escola Superior de Advocacia – ESA . Membro das Comissões Estaduais de Direito Educacional, Direito na Escola e Terceiro Setor da OAB/MG. Assessora Jurídica na Rede Batista de Educação, com atuação em Direito Educacional, Terceiro Setor e Advocacia Corporativa.
A tecnologia é um tema que tem sido discutido em todas as áreas da sociedade e não é diferente quando estamos tratando de família. Certamente, na maioria das atividades que desenvolvemos, a tecnologia está presente, facilitando nossas tarefas do dia a dia e nos ajudando a crescer e nos desenvolver – mas é preciso falar de moderação e equilíbrio também nessa ferramenta diária.
Precisamos entender o que significa tecnologia. Karasinski (2013) afirma que “tecnologia é o uso de técnicas e do conhecimento adquirido para aperfeiçoar e/ou facilitar o trabalho com a arte, a resolução de um problema ou a execução de uma tarefa específica”. Podemos incluir aqui, também, a diversão e a comunicação. A partir dessa definição, entendemos que a tecnologia não se limita ao uso de computadores, celulares e internet.
A tecnologia não é “boa ou má”, mas depende do uso e de sua aplicação. Gary Chapman, em seu livro “A Criança Digital” escreveu “A criança de hoje nasce digital. Se é verdade que a tecnologia apresenta muitas vantagens, é igualmente verdadeiro que o mau uso ou o uso excessivamente precoce traz inúmeras preocupações para os pais”.
Portanto, a começar em mim, é preciso usar com equilíbrio os recursos tecnológicos que temos à disposição e percebermos a hora certa de conectar e de desconectar. Fica aqui um alerta para o uso do celular e seus aplicativos: todos os dispositivos possuem um controle e que depende do meu comando para ligar e desligar – ou seja, o controle ainda é seu!
A internet é o ambiente mais perigoso e de difícil controle para se estabelecer limites. Ao usar os recursos da tecnologia, a família deve ficar atenta para alguns cuidados:
Quando olhamos para a Bíblia, a Palavra de Deus, ela nos traz uma grande lição de como escolher com equilíbrio todas as coisas: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” Filipenses 4.8. É preciso, portanto, olhar para as redes sociais e seus conteúdos com critérios, à luz deste conselho bíblico.
O grande teólogo e pregador Charles Spurgeon deixou-nos um alerta: “o único meio de evitar que o joio entre na pequena caneca de medidas da criança é enchê-la de trigo bom até transbordar”. Portanto, seja fonte de benção e bons exemplos para sua família, ensinando-os “No caminho em que devem andar“. Provérbios 22.6
Casado, pai de dois filhos e avô. Pastor auxiliar na Igreja Batista do Barro Preto, na área de Crianças (Ministério Semear). Pedagogo, Professor de Ensino Religioso. Gestor de Tecnologia da Rede Batista de Educação. DPO – Data Protection Officer RBE. Bacharel em Teologia. Pós-Graduação em Aconselhamento e Capelania. Graduação em Gestão de Empresas. MBA em Gestão de Projetos pela George Washington University. Microsoft Certified Solutions Expert (MCSE). Microsoft Teams Especialista. Certificate SCRUM Foundation – SFPC. Professional & Self Coach, Leader Coach e Life Coach – IBC. Certificado – Design Thinking
O relacionar-se apresenta-se com todo os seus prazeres e desafios. É essencial para a sobrevivência da vida humana, equivalente a alimentar-se para o nosso sistema nervoso e demais sistemas biológicos. Nascemos com um potencial espiritual, psíquico e neurobiológico gigantesco, maior do que todo o Universo, isso mesmo, não é apenas uma “força de expressão” de minha parte, afinal, possuímos mais sinapses (conexões) neuronais do que estrelas na galáxia e que além de tudo, se modelam e surgem novas durante toda a vida humana, por meio da neuroplasticidade cerebral, fatores ambientais e genéticos.
Todavia, acredito que estejamos em meio a uma pandemia oculta. Não como a última vivenciada, revelada pela contaminação concreta de um agente patológico específico, como um super vírus ou de uma super bactéria. Estamos sim imersos e boa parte de nós, de modo inconsciente, a outro tipo de pandemia, uma pandemia oculta aos olhos; a pandemia do sofrimento espiritual e mental, devido as relações e aos vínculos empobrecidos e adoecidos.
Segundo o psicólogo, Professor Renato Dias Martino:
“A saber, o ambiente emocionalmente saudável é aquele que mantém um clima carinhoso, amoroso, afetivo, onde a ternura esteja presente. Isso é propiciado a partir da lealdade nos vínculos que sejam realmente autênticos e espontâneos. Sendo que não podem existir técnicas que tragam a possibilidade de instalação e manutenção desse clima, que não seja de forma natural, simples, sincera e verdadeira. Em outras palavras, é fundamental que o acordo com a realidade seja genuíno.”
Quando se trata de relacionamentos, os dois são parte do problema e também a solução. Não adianta responsabilizar apenas uma das partes. Ambos sempre serão responsáveis pelo que acontece numa relação. E me refiro aqui a todos os tipos de relações, desde entre parceiros, matrimonial, parental, irmãos, familiares, profissionais e etc.
Ninguém sai “ileso” de ninguém. Porém, qual o limite? Primeiramente, é importante reconhecermos que não existe satisfação completa e absoluta em um relacionamento. Este seria um caminho para uma constante frustração. Afinal, é importante caminhar em prol de parar de exigir do outro a satisfação da nossa própria loucura idealizada. Mas então, como nos relacionar insatisfeitos? Partindo da premissa que todo ser humano tem direito a dignidade em ser, o buscar exercer o controle sobre as ações e emoções do outro, mesmo que de forma insidiosa ou velada, é o nome inicial da violência. Exatamente! Até buscar “convencer” o outro de sua própria verdade pode tornar-se um ato violento. Existe algo dentro dos relacionamentos adoecidos e ambiente de violência em prol da perda total da identidade do indivíduo e até a perda da liberdade de expressão espiritual, cognitiva e emocional. Pode iniciar-se de forma sútil e subjetiva, culminando com alto poder destrutivo e desumanizador.
Agora, o que aconteceria em nossos relacionamentos se nos sentíssemos seguros o suficiente para confiar, ou seja, nos submetermos uns aos outros em amor? De onde vem a nossa dificuldade em acolher o próximo? Somos seres relacionais e o isolamento social pode despertar em nós a mesma sensação biológica de fome por comida, porque então é algo tão desafiador? Seja com pessoas que conhecemos, familiares ou estranhos, somos chamados para vivenciarmos e sentirmos relacionamentos, para cuidarmos uns dos outros, para amarmos uns aos outros. Muitos aprendizados podemos desenvolver sozinhos, mas no caso do acolhimento e compreensão de nossas emoções e do nosso ser, aprendemos em nossas relações, inclusive com Deus.
A construção das memórias consolidadas (sinapses que durarão a vida toda), pelo nosso aprendizado vivo relacional (redes neurais), associados as emoções, serão referenciais presentes nas nossas respostas de experiências futuras, adequação de comportamento, vivência da espiritualidade e ainda, de reações instintivas a fatos novos e resolução de problemas. Stanislavski chama essas memórias de sementes, dada à importância no cuidado quando retomadas. Ressalta ainda que não somente as memórias próprias, diretamente vivenciadas compõem o silo, mas os sentimentos suscitados pela observação empática das emoções alheias. Por isso, a importância de observação e aproximação emocional relacional, até o ponto de apropriar-se de seu sentimento e do outro, diferenciando-os conscientemente e enfim, desenvolver relacionamentos dignos, curativos e ambientes nutridores.
“Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, se não tiver amor, nada sou.” I Coríntios 13.22
Doutoranda em Tecnologia Digital e Educação, pelo INFORTEC, CEFET-MG. Mestra em Neurociências e Neurobiologia, pela UFMG, onde atuou como professora concursada de neuroanatomia e neurofisiologia. Atualmente, responsável pelo Núcleo de Pesquisa e Inovação da Rede Batista de Educação e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação e Residência Docente em Educação Integral da RBE. Docente para o programa de pós-graduação em Neurociências, Neuropsicologia e graduação em Psicologia do IESLA. Editora-chefe do Periódico Respectus Educacional. Possui ainda, Licenciatura em Pedagogia, bacharela em fisioterapia e psicanalista pelo Grupo GEPA.
A família é um projeto especial de Deus e foi criada para reproduzir em seus componentes unidade e comunhão. O próprio Deus funciona em unidade, O Pai com O Filho e Seu Espírito. Três pessoas distintas, uma intrínseca à outra.
Por meio da família, Deus demonstra o seu amor e cuidado, através dos relacionamentos marido e esposa e pais e filhos. E é com pezar que vemos tanta desorientação, hoje, no meio de muitas famílias. Temos presenciado ataques significativos a essa instituição tão especial, que nasceu no coração de Deus.
No contexto da família, cada componete tem suas necessidades de apoio e cuidado. Em alguns casos, as diferenças e limitações se manifestam de forma palpável, como, por exemplo, uma criança com uma necessidade especial, uma deficiência ou uma condição que exige suporte constante por parte de quem compõe a família, chega ao lar. Uma família que passa por essa experiência, tem a oportunidade de se unir para acolher, cuidar, se importar e amar de forma significativa.
A vivência de famílias onde necessidades especiais e deficiências são presentes é árdua. A maioria delas não se desenvolve no que a sociedade nomeia de “vida normal”, sendo então conhecidas como famílias “atípicas”. A atipicidade traduz a diferença de condição das pessoas com necessidades especiais e deficiências, sejam elas visíveis ou ocultas. Hoje, vemos, inclusive, um aumento de diagnósticos de pessoas com deficiência oculta, como por exemplo, o Transtorno do Espectro Autista, também chamado TEA.
No TEA, que é um transtorno do neurodesenvolvimento, o cérebro apresenta uma forma diferente de funcionamento. Daí surgem as dificuldades sensoriais, de comunicação, controle emocional, entre outras. Esta neurodivergência trouxe a nomenclatura que difere os “neurotípicos” dos “atípicos”.
As famílias de crianças atípicas, bem como de pessoas com outras deficiências, precisam de ajuda e compreensão! Ao olharmos para a vida de Jesus, percebemos como Ele se importava com os enfermos e se compadecia dos doentes que eram marginalizados. Lembra-se do cego Bartimeu? (Marcos 10.46) Um homem com uma deficiência física, à margem do caminho e mendigando, impedido de falar por várias pessoas que tentavam fazer com que ele permanecesse em silêncio.
Mas o Mestre do Amor ouviu seu clamor. Jesus o chamou, perguntou do que ele precisava e supriu sua necessidade. Precisamos ser como Jesus! Famílias atípicas não devem ficar à margem, muito menos devem mendigar direitos e apoio às suas necessidades. Famílias atípicas precisam ser amadas e acolhidas. Pessoas com deficiência precisam ser incluídas.
Incluir tem a ver com abrir possibilidades para uma pessoa se sentir parte, apesar de suas limitações. Tem a ver com adequar ambientes, estruturas, adquirir conhecimento para saber como melhor ajudar, adaptar métodos, conteúdos, rotinas e tudo que for importante para que a deficiência não impeça uma pessoa de sentir que pertence a um grupo, uma comunidade, à vida.
A partir de hoje, junte-se a nós nessa jornada, que é resposta para famílias que sofrem. A árdua jornada da INCLUSÃO.
Bacharel em Direito. Pós graduanda em Educação Especial e Inclusiva e Transtorno do Espectro Autista. Especialização em ABA.
Muitas famílias enfrentam desgastes com o tempo e permitem que muito do que foi planejado e sonhado se perca. A realidade, por vezes, se afasta da imagem idealizada que um dia construímos e almejamos. Vislumbramos na juventude uma família que não se separasse, que irradiasse felicidade e que fosse um alicerce de segurança e sucesso. Contudo, não é sempre assim que acontece. A vida pode tomar um rumo incerto, e o que imaginávamos como um conto de fadas pode mostrar rachaduras e ruir.
Fissuras podem aparecer e tudo o que sonhamos e tentamos construir, pode ruir ou não acontecer. É preciso saber lidar com essas situações e ter força para continuar a jornada. Mesmo não sendo fácil, é preciso saber reconstruir.
É preciso acompanhar a estrutura da família e saber onde os pontos de perigo podem estar se alojando. Um deles é a falta de investimento no relacionamento conjugal. O desgaste e o relapso podem gerar o distanciamento gradual no casamento e com o casal como arquitetos da família. Aquelas conversas profundas e o olhar cúmplice cedem lugar a desentendimentos superficiais e silêncios. Os anos, com suas responsabilidades e desafios, podem criar pequenas distâncias, se o casal não for cuidadoso, e aos poucos é preciso lutar para manter a conexão que um dia foi fruto de entusiasmo e paixão.
Outra situação que pode sair do que planejamos é a condução dos filhos. Sonhamos, desejamos e tentamos educar com maestria, mas, esquecemos que eles têm vontade própria. O que antes era uma relação de ensino e aprendizado pode, de repente, transformar-se em uma dança delicada entre autoridade e falta de compreensão. À medida que crescem, eles exploram o mundo e buscam sua independência e é preciso se adaptar constantemente e muitas vezes entender que seguirão caminhos diferentes do que gostaríamos.
Outro campo que pode virar um pesadelo na família são as finanças, que deveriam trazer estabilidade e muitas vezes nos deixaram no limiar da decadência. As pressões externas, as demandas diárias e as incertezas econômicas desafiaram nossa capacidade de manter o equilíbrio financeiro que tanto almejamos. Os sonhos que compartilhávamos outrora começaram a parecer distantes demais, enterrados sob contas a pagar e preocupações. Quando chegamos a este estágio, nos sentimos perdidos e cansados.
A verdade é que o caminho da família real é repleto de curvas inesperadas e desafios inimagináveis. As histórias que nos contaram na infância, sobre famílias modelos, nem sempre refletem a complexidade da vida adulta e da nossa realidade. No entanto, enquanto nossos projetos de família podem desmoronar, nossa capacidade de adaptar, crescer e amar não precisa seguir o mesmo destino.
A jornada da família real é uma jornada de aprendizado, paciência, redescoberta e realinhamento constante. À medida que enfrentamos os ventos da mudança e da necessidade de reconstruir, podemos encontrar oportunidades de fortalecer os laços que nos unem e ter, uns aos outros, para juntos, superar o que estamos vivenciando. Ao invés de desistir dos nossos sonhos, podemos reconstruí-los com a argamassa da resiliência e do amor. A família real é aquela que enfrenta os desafios de frente, celebra as vitórias juntos e continua a caminhar, sabendo que a verdadeira beleza da jornada está na jornada em si.
Mesmo quando algumas situações parecem sem solução, ou alguém decide desistir, ainda, sim, é possível recomeçar. Jesus, em Mateus 11.28-30, convida a ir a Ele, todo o que está cansado e sobrecarregado e deixar este fardo com Ele e pegar dele, o fardo leve. Essa analogia tem a ver com o carregar do jugo do boi ao arar a terra. Sozinhos, levamos o jugo e ele se torna pesado. Com Jesus, ele se torna leve, porque Ele nos ajuda a carregar.
Quando os alicerces dos nossos sonhos familiares parecem desmoronar e a realidade nos confronta com desafios imprevistos, surge a oportunidade de recomeçar de maneira mais consciente e resiliente. Diante das circunstâncias que nos desviaram do caminho idealizado, é possível traçar novas rotas e construir uma jornada de significado e crescimento.
Se você está passando por um tempo de recomeços, de incertezas ou de mudanças profundas na realidade do seu lar, não esqueça que o Deus criador da família, deseja recomeçar ao Seu lado e ser o fundamento dos seus sonhos e anseios familiares.
Aqui estão alguns passos a considerar:
O recomeço não é uma tarefa simples, mas é uma oportunidade para criar uma nova história, moldada pela sabedoria que você ganhou ao longo do tempo. A família real é aquela que não se abate diante das dificuldades, mas encontra força para construir um futuro que, embora diferente do sonhado, é genuinamente enriquecedor e repleto de amor e superação.
Diante das reviravoltas da vida e das incertezas que enfrentamos, encontramos conforto nas palavras de Provérbios 16.9: “Em seu coração o homem planeja o seu caminho, mas o Senhor determina os seus passos.” Assim como os planos familiares podem se desfazer, confiamos que Deus está sempre presente, guiando nossos passos em direção a um propósito maior. Com fé e confiança, nossa jornada familiar é permeada pela esperança de que, mesmo diante das adversidades, Ele nos conduzirá a um novo começo cheio de bênçãos e renovação.
Pedagoga, Psicopedagoga, Educadora e Coach Parental, Psicóloga em formação (10º período), Teóloga e Coordenadora da 2ª e 3ª séries do Ensino Médio do Colégio Batista Mineiro